quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carta ao último importante

Rio, algum dia de maio de 2010.

   Não sei se deveria estar aqui agora escrevendo essa carta porque você realmente não a merece, mas como sou um romântico viciado, deixei meus orgulhos pra depois, quando me batesse aquela ressaquinha moral costumeira. Acontece sempre, tanto por ser ridiculamente assim, como por expor meus sentimentos íntimos na web em cartas sem destino. O grande fato é: sinto sua falta e isso me incomoda. De alguma forma eu preciso colocar pra fora e acho que apesar de toda a anti-privacidade que envolve, preciso falar antes de enlouquecer ou de enfim tornar sãos meus devaneios e perder a graça de me ser.
   Quero deixar bem claro desde já, antes que haja algum tipo de misunderstanding, que o que me incomoda não é sua ausência. De forma alguma. A pedra do meu sapato é exatamente a sua presença diária em mim. Aonde vou lá está, presente em algum qualquer coisa que acaba me dirigindo a você. As vezes me pego imaginando situações onde eu, lindo, poderoso, perfeitamente vestido e iluminado, com um Cosmopolitan nas mãos, encontro você e por alguns segundos te faço escorrer a minha presença gigante goela a baixo, como você faz comigo todos os dias. A grande verdade é que com isso só quero que você sinta o mesmo que eu pelo menos uma vez.
   Na última vez que nos encontramos, eu tinha um cigarro preto nas mãos e você um namoradinho feio nos braços. Eu tinha me vestido pra matar naquela noite, mas quem quase morreu, de fato, fui eu. Nem todo o estilo  Chuck Bass milimétricamente planejado que propus praquela noite fez voltar a auto-estima que saiu junto comigo de casa, que foi engolida junto com os mojitos que eu tomei pra esquecer. Me senti quase o personagem do Caio F., chorando sem Ana e sem blues. Sentia na manhã seguinte também o gosto de vodka, de lágrimas e de café, junto com um sabor quase tão amargo quanto o daquela noite infindável.
   Depois daquilo tudo, novamente apaguei seu numero do meu celular, mas ainda hoje tenho esperanças de ver aquele comecinho 93 na tela todas as vezes que meu telefone toca. Só que nunca é ele. Atendo entao e recomeço a minha vida, lembrando das praias a noite, do china in box, dos lençois delatores e todo o resto daquela poesia que a gente fazia.
   Agora, pra acabar com todo esse sentimentalismo latino, só tenho uma única pergunta a fazer, pautada no ultimo sms seu que recebi: do you miss me?

Até algum dia,

Mario.

(pra ler ouvindo: Im Yours como era no carro todas as vezes, até a última.)

Um comentário:

Pedro Henrique Felitte Valentim disse...

Nem preciso dizer que está perfeito e intenso, como tudo o que escreve.
Eu sou teu fã!